Uma carta de amor para mim mesma
É preciso mudar. Então, pinta o cabelo, faz um corte, usa nas unhas uma cor que nunca usaria. Se olha no espelho e se vê outra. Se olha, se enxerga, se vê. Muda, mas muda por dentro também. Se desnuda, tira a roupa da alma <rasga a alma pra caber mais mundo>. Se livra de todo o peso, faz uma faxina agora e não só porque o ano tá acabando e esse vento de esperança começa a soprar.
Não. Muda porque mudar é preciso. Faz da mudança a tua rotina, seja uma metamorfose ambulante.
Se transforma e diz pra quem te julgou, te maltratou, te machucou que eles não tem poder sobre você. Que já vão tarde, que não sobrou nem lamento. Perdoa, mas perdoa de verdade e esquece, porque a vida só é uma e não tem essa de segunda chance. Nosso karma a gente vive é aqui com o sangue correndo pelas veias, a lágrima escorrendo pela cara e o cabelo solto ao vento.

Exclui do teu vocabulário o verbo esperar. Inclui o verbo experimentar e se transmuta. <Inspira. Respira. E não pira>. Vive a porra do Carpe diem e se transforma na borboleta que você nasceu pra ser. Deixa pulsar o teu coração intenso que transborda, procura um abismo e se joga porque você não nasceu pra coisa pouca e sentimento raso.
Dia, você quer ser pedra mas você é flor. Na verdade, você é girassol, por isso se chama Dia, esse nome que apareceu, fincou raízes e te modificou. A culpa é do teu ascendente em Leão ou do teu sol em Aquário, dessa liberdade cheia de si e de brilho e de coragem que assusta as almas medíocres.
Aproveita e mergulha, doma o tempo, cria asas, pés para que te quero. Você não é mulher-raiz, você é mulher-pétala que avoa, avoa, avoa… Se permita ser carente e ridícula <ai de mim, que sou assim, romântica> pra depois não ser nada disso.
Nesse universo grande e mágico, a gente é insignificante, uma poeira estelar, um átomo, quase um acaso. Deixa star <tudo em volta está deserto>.
Coloca a mão por baixo da calcinha e se toca como se não houvesse amanhã e goza me ouvindo dizer o teu nome que flutua agora misturado à fumaça do beck. Me deixa invadir o seu infinito particular.
Sonha, Dia, sonha. Não tenha medo de sonhar que os sonhos ainda hão de te levar além.
Madrugada em Petrolina, 28/12/2017