Ser uma mulher que escreve é revolucionário
Quantos livros escritos por mulheres você tem na sua estante? Quantas autoras publicadas você conhece? Quantas escritoras?
Eu cresci com a literatura. Desde muito pequena, fui estimulada a ler e tive contato com bibliotecas e livros de todos os tipos. No início de 2019 me perguntei quando livros escritos por mulheres eu tinha na minha estante e descobri que possuía apenas 18 livros. Hoje já tenho 10 vezes mais e não quero parar por aí.
Precisamos conhecer a literatura feminina. Precisamos ouvir o que as mulheres têm a dizer. Não que eu tenha deixado de gostar de alguns autores homens, mas já gastei trinta anos da minha vida lendo eles. Já deu, né?
Foi a partir da literatura que o feminismo se tornou uma questão importante para mim. Me dei conta do qual pouco conhecia literatura feminina e como tinha poucos livros escritos por mulheres. Apesar de ter sido leitora de Clarice Lispector na adolescência e meu livro preferido ter sido escrito por uma mulher (A casa dos espíritos, Isabel Allende), quando eu pensava sobre literatura vinham à minha cabeça, majoritariamente nomes de homens/escritores.
Entendi que ser mulher é um ato político. É uma forma de agir no mundo que por sua natureza já é contestadora. Ser mulher é ser teimosa e botar a boca no mundo, mas também é estar exausta de reivindicar o direito de ser vista como gente.
O problema se agrava quando consideramos a produção de mulheres negras, mulheres lésbicas, mulheres pobres, ou seja, mulheres que estão fora do padrão branco e heteronormativo. Não é coincidência que a obra de Carolina Maria de Jesus, Maria Firmino dos Reis, Conceição Evaristo, Cassandra Rios e outras tantas, só esteja sendo levada em conta muito recentemente.
Como podemos remediar esse problema? Para mim, a resposta está no apoio e na divulgação de autoras. Não é segredo que o domínio masculino se sustenta na rivalidade feminina. Precisamos quebrar isso e nos apoiar de corpo e alma.
Consumir e divulgar a produção artística-literária de mulheres é um ato revolucionário!
Ser mulher e escrever também!
